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Entenda como funciona o Bitcoin

Em maio de 2017 os olhos do mundo se voltaram para um ataque cibernético de grande alcance que atingiu empresas de pelo menos 74 países. Multinacionais de comunicação, hospitais na Inglaterra e até mesmo órgãos públicos no Brasil. O vírus espalhado pelos Hackers naquela ocasião bloqueou arquivos de diversas máquinas e pedia como recompensa US$ 300 e US$ 600 em Bitcoins para liberá-los, caso o alvo não tivesse cópias de segurança.

Por mais que o valor não tenha sido muito alto, o que chamou a atenção nesse caso foi a utilização da moeda virtual como barganha. Outros casos recentes como este nos mostram que cada vez mais a segurança dos meios digitais dependem de novas tecnologias. Com o avanço tecnológico, novas formas de segurança são desenvolvidas, mas, consequentemente surgem alternativas para efetivar ataques digitais.

A origem da moeda digital

Inserido em um movimento de contestação ao sistema financeiro tradicional e resultado da crise financeira que atingiu Wall Street em 2008, surgiu o Bitcoin – a primeira moeda virtual da história. O ano em si é muito emblemático para entendermos o contexto. Foi a partir dele que se abriram novas possibilidades e novos rumos a serem seguidos, sobretudo na internet.

Apesar do forte impacto que causou na rede digital e na sociedade, até hoje não se sabe realmente a identidade de seu criador. A única informação a respeito dele é o seu nome fictício, Satoshi Nakamoto. Foi a partir de um documento divulgado na internet explicando todo o conceito e estrutura por trás do Bitcoin que a moeda se desenvolveu entre os usuários. O objetivo principal de Nakamoto foi criar uma moeda de fato universal para, assim, diminuir o impacto  do sistema financeiro tradicional que já provocou inúmeras crises na história da humanidade. A ideia foi trazer uma revolução monetária no sistema, capaz de balançar o que se tinha como padrão a ser seguido.

O que difere a moeda digital em relação a outras formas de pagamento, tanto como cartão de crédito e cédula de dinheiro, é que ela pode ser usada em qualquer país do mundo, de forma rápida, anônima e segura. Outro detalhe importante é que a moeda não possui um órgão central que a regule, portanto, está livre de influências políticas locais que fazem o valor oscilar.

Ao contrário do que ocorre com os pagamentos eletrônicos, onde é necessário aprovação de bancos e há limites nas transações, o Bitcoin não tem nenhum tipo de restrição. Pode ser usado, portanto, para comprar produtos ou serviços e pode ser trocado por outras moedas correntes. 

O valor do Bitcoin é definido pela lei de oferta e procura, semelhante ao sistema econômico que depende do lastro de ouro, e sua cotação é atualizada 24 horas por dia. O valor depende da quantidade disponível no sistema, que é criado através da “mineração” da moeda. No documento originário, Satoshi previu um limite de circulação que será alcançado em 2140, quando haverá 21 milhões de Bitcoins na rede.

Na prática, isso acontece graças aos colaboradores conectados na rede, que criam lotes da moeda em seus computadores a partir da resolução de problemas matemáticos. Por fim, a entrada e saída dessas informações são validadas no sistema. Muitos, inclusive, falam de uma comunidade de criptomoedas, visto que esse sistema é originário da internet e a sua sobrevivência depende dos colaboradores.

O ponto central e que trouxe a real inovação perante o meio financeiro está no chamado blockchain, o livro-caixa onde fica armazenado toda e qualquer transação feita no sistema do Bitcoin. Todos os dados são criptografados e por conta disso não é possível saber a identidade do usuário e até mesmo os dados da carteira virtual, o local onde fica guardo o Bitcoin após a compra. Qualquer pessoa tem acesso ao blockchain e ele é inviolável. Ou seja, não é possível apagar qualquer informação ali contida. Esse, portanto, é uma espécie de caminho no qual o dinheiro percorre no ambiente digital.

O Cenário Brasileiro

No Brasil, assim como em vários países do mundo, é possível comprar o Bitcoin através de plataformas de câmbio que cobram algumas taxas do cliente. Esse tipo de serviço ainda é novo e gera algumas dúvidas, mas o seu crescimento caminha exponencialmente, assim como a cotação da moeda.

De acordo com Rodrigo Batista, CEO da plataforma de Mercado Bitcoin, o cenário de crescimento é positivo. “Ao ver o recente anúncio da Bolsa Mercantil de Valores de Chicago, que irá iniciar a negociação de futuros de Bitcoin até o final de 2017, podemos entender que temos um cenário positivo como nunca antes para o mundo das moedas digitais.” Atualmente, a empresa possui cerca de 600 mil clientes cadastrados e movimentou cerca de 1 bilhão de reais no primeiro semestre de 2017.

O crescimento do Bitcoin no mercado brasileiro também é acompanhado por outros indicativos. Segundo o relatório divulgado pelo site BitValor em agosto, as três maiores exchanges do Brasil concentraram 95% do volume negociado no país. O acumulado do Índice brasileiro do Bitcoin, em 2017, chegou a 390,6%, o maior desde 2013.

A efeito comparativo, no mesmo ano, de acordo com o estudo promovido pelo Centro Alternativo de Finanças da Universidade de Cambridge, em 2017, o número de usuários ativos está entre 2,9 e 5,8 milhões. Entre os continentes, a maior participação dentro da “indústria da moeda digital” é da Ásia com 36% do mercado, seguido da Europa com 29% e América do Norte com 27%.

Acompanhando a tendência global, mesmo que de forma tímida, muitas empresas brasileiras passaram a aceitar o Bitcoin como forma de pagamento. Sites de compra dos mais variados segmentos, plataformas digitais e até mesmo estabelecimentos físicos adotaram essa tendência. 

Mesmo assim, o futuro da moeda é incerto. Apesar de existirem projeções e expectativas, o valor do Bitcoin cresce sem precedentes. Em poucos dias, inclusive, pode haver uma mudança significativa na valorização da moeda. Na madrugada do domingo, dia 26 de novembro de 2017, a cotação do Bitcoin chegou a R$ 31 mil em conversão direta. Foi registrado, portanto, uma alta de 4,3% em relação ao valor da sexta-feira, dia 24. O risco de se formar uma bolha especulativa em torno dessa alta é real, mas não desanima a mioria dos investidores eufóricos.