Uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do RJ cumpre nesta sexta-feira (23) 36 mandados de busca e apreensão contra o Bonde do Ecko, a maior milícia em atividade do estado.
Equipes da 56ª DP (Comendador Soares) e de delegacias especializadas estão em endereços em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, com o objetivo de atacar o braço financeiro do grupo paramilitar, que surgiu na Zona Oeste do Rio.
Parte dos mandados da Operação Octopus é cumprida no Conjunto da Marinha. O empreendimento foi financiado pelo governo federal e pela Caixa Econômica para beneficiar famílias de baixa renda.
Segundo as investigações, os criminosos expulsaram diversos moradores que tinham a posse legítima dos imóveis no conjunto e os negociaram com terceiros de forma ilícita. Os novos ocupantes tinham de pagar taxas regulares à milícia.
Tentáculos
As investigações começaram em junho, quando milicianos fortemente armados com fuzis, liderados por Wellington da Silva Braga, o Ecko, invadiram diversas comunidades de Nova Iguaçu:
- Conjunto da Marinha;
- Dom Bosco;
- Estrada de Madureira;
- Grão-Pará;
- Marapicu;
- Pantanal.
A investigação da 56ª DP descobriu ainda que o grupo paramilitar vem ampliando as formas de atuação:
- Agiotagem;
- Clonagem de cartões;
- Comercialização de internet e TV a cabo;
- Comércio clandestino de gás;
- Comércio de cigarros contrabandeados do Paraguai;
- Extorsão de comerciantes;
- Transporte público irregular;
- Venda irregular de imóveis e exploração imobiliária.
Na operação foram localizados 11 pontos de distribuição de sinal de televisão a cabo. A polícia apreendeu 13 equipamentos no valor de R$ 20 mil cada um.
Durante as investigações apurou-se que o grupo criminoso exige que os moradores e comerciantes locais adquiram botijões de gás unicamente fornecidos pelos pontos de distribuição determinados pelo grupo.
Cada botijão é comercializado com ágio de 20% acima do valor regular de mercado e o percentual é distribuído entre os integrantes da quadrilha.
Locais de distribuição localizados na Estrada de Madureira foram fiscalizados pelos policiais civis, e aqueles que não seguiram as normas estabelecidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, gás natural e biocombustíveis) foram interditados.
Reforço de ex-traficantes
As investigações também apontam que integrantes do Comando Vermelho que atuavam na região foram “recrutados” pelos milicianos e passaram a apontar quem teria envolvimento com o tráfico de drogas e seus familiares.
Os traficantes que não aceitaram ingressar na milícia se refugiaram na Vila Kennedy, em Bangu.