Após um escândalo na Bélgica no ano passado, quando promotores públicos iniciaram uma investigação sobre suspeita de pagamentos ilícitos a jogadores e árbitros, a Comissão Europeia incluiu o futebol profissional na lista dos 47 setores vulneráveis a serem explorados com fins criminosos.
“A organização complexa do futebol profissional e a falta de transparência criaram um terreno fértil para o uso de recursos ilegais. Quantias questionáveis de dinheiro sem retorno ou ganho financeiro aparente ou explicável estão sendo investidas no esporte”, disse um porta-voz da Comissão Europeia.
A suspeita de irregularidades financeiras recai também nas zonas francas portuárias, onde as mercadorias circulam sem o pagamento de impostos e tarifas alfandegárias.
Em 24 de julho, a Comissão Europeia publicou um relatório detalhado sobre as dificuldades enfrentadas pela União Europeia (UE) no combate à lavagem de dinheiro.
As conclusões do documento basearam-se em uma série de acontecimentos que começou com a falência no ano passado do ABLV Bank, o terceiro maior banco da Letônia, após ser acusado pelos EUA de lavagem de dinheiro. Em seguida, investigações descobriram um esquema de transações suspeitas no valor de € 200 bilhões na filial do Danske Bank na Estônia.
Outro escândalo incluiu a multa de € 775 milhões paga pelo ING Bank ao governo da Holanda, como resultado de uma investigação sobre lavagem de dinheiro entre 2010 e 2016. Por fim, o Deutsche Bank envolveu-se em um esquema russo de transferência de fundos ilegais para o Ocidente.
Segundo Valdis Dombrovskis, vice-presidente responsável pelo Euro e o Diálogo Social na Comissão Europeia, e a comissária para a Justiça, Liberdade e Segurança, Vera Jourova, as iniciativas da UE de combate à lavagem de dinheiro são prejudicadas por reguladores financeiros pouco ágeis, falta de cooperação entre os países membros e falhas na supervisão de alguns bancos.
Este ano, a Autoridade Bancária Europeia (EBA) decidiu arquivar sua investigação referente à acusação de lavagem de dinheiro no Danske Bank, apesar de ter preparado um relatório minucioso sobre as falhas na supervisão.
Em um comunicado, Dombrovskis e Jourova disseram que a possível reformulação das medidas de controle e supervisão de transações financeiras suspeitas no âmbito da UE ficará a cargo da nova Comissão Europeia, que tomará posse em 1º de novembro.
As opções, observaram, podem incluir a revisão da estrutura do poder decisório da EBA para torná-la mais independente da influência dos países da UE, ou a transferência de mais poder para o Ministério Público Europeu.