Nas primeiras posições aparecem também os suecos Kirsten e Jörn Rausing (12,256 bilhões de libras), o uzbeque Alisher Usmanov (11,330 bilhões de libras) e o russo Roman Abramovich (11,221 bilhões de libras).
O regime fiscal britânico permite que estrangeiros com grandes fortunas não se tornem contribuintes no Reino Unido, apesar de residirem no país, o que tornou Londres um ecossistema especialmente atraente para os quase 5 mil super-ricos de todo o mundo que vivem nas ilhas britânicas.
“Temos um sistema tributário projetado para encorajá-los a vir para cá e gastar seu dinheiro”, disse à Agência Efe, Robert Palmer, diretor-executivo da organização Tax Justice UK.
O polêmico status conhecido como “non-dom” (não domiciliado) permite aos estrangeiros manter seu domicílio oficial em outro país.
“Isso significa que os ricos ‘non-dom’ não têm que pagar por seus lucros ou rendimentos obtidos fora do Reino Unido. A maioria deles não tem muitos lucros no país, vieram para gastar, portanto praticamente não pagam impostos aqui”, afirmou Palmer.
“Ao mesmo tempo, eles podem morar na cidade e adquirir propriedades, é um sistema muito atraente para aqueles com muitos recursos”, acrescentou o responsável de uma organização dedicada a promover a redistribuição de riqueza e “serviços públicos sólidos”.
A pressão de vários setores levou o governo britânico a qualificar as vantagens fiscais para fortunas estrangeiras nos últimos anos.
Limites temporários para o status de “non-dom” foram estabelecidos e taxas são cobradas para mantê-lo em alguns casos.
“Mesmo assim, os milionários que podem ir para Londres pagam poucos impostos e desfrutam de todos os benefícios de viver em um país desenvolvido, com um governo forte que garante vantagens como o estado de direito e infraestrutura”, ressaltou Palmer.
Londres não só atrai os proprietários de grandes fortunas obtidas de forma legal, mas também mantém uma das redes de lavagem de dinheiro mais ativas do mundo, com vínculos nos setores financeiro e imobiliário, segundo a Transparency International UK.
Mais de 100 bilhões de libras em “bens ilícitos” passam pelo Reino Unido a cada ano, de acordo com essa organização.
Cerca de 4,4 bilhões de libras de origem suspeita foram investidos no mercado imobiliário do Reino Unido, disse o porta-voz da Transparency, alertando que esses números podem ser “apenas a ponta do iceberg” do problema do dinheiro sujo.
A organização diz ter identificado 766 empresas baseadas no Reino Unido, envolvidas em 52 casos de lavagem de dinheiro e corrupção.
A incerteza em que o Reino Unido está envolvido devido à sua saída da União Europeia (UE) não afetou as maiores fortunas agora, mas teve um impacto sobre milhares de estrangeiros abastados.
Aproximadamente 80 mil estrangeiros com mais de um milhão de libras em ativos se mudaram para o Reino Unido desde a década de 1990, uma tendência que se reverteu nos últimos dois anos, após a vitória do Brexit no referendo de junho de 2016.
Entre 2017 e 2018, o Reino Unido perdeu 7 mil dessas pessoas, descritas em termos financeiros como “High-Net-Worth Individual” (HNWI), segundo um relatório da consultoria New World Wealth.
Além do Brexit, a consultoria cita as mudanças no modelo tributário britânico, bem como os altos níveis de “criminalidade” e “aumento das tensões religiosas” como outros fatores que colocam em risco o status de Londres como um ímã global para a riqueza.